domingo, 24 de julho de 2011

Ausência e conquistas

A uma semana mudei totalmente a minha rotina, de um emprego passei a dois, de 6 horas trabalhadas por dia passei a 18, e de mãe sempre presente passei a uma mãe quase 'presente', e essa mudança me rendeu as mais diversas perguntas e questionamentos.
Confesso que no inicio quando os questionamentos começaram até me senti culpada, mas depois pensei comigo mesmo, mas tudo tem um propósito justamente voltado ao conforto da minha filha, fora as diversas vezes que pensei, 'o que esse ser tem a ver com a minha vida e as minhas escolhas'.
Tirando o cansaço, o que tem me incomodado mesmo é a falta de tempo para ficar com minha filha, porém, notei que a qualidade de nossos poucos momentos aumentou em ambos os lados, Vitória não fica aprontando o tempo todo, mas brinca mais comigo, carinhosa ela sempre foi, mas confesso que estou ganhando muito mais beijinhos, abraços, eu te amo e vc é linda.
Ao final dessa primeira semana de maior ausência, minha gatinha, com apenas dois anos e quatro meses me surpreendeu, tamanha a compreensão dela sobre o que esta acontecendo.
No dia da minha folga do hospital, em que passamos o dia todo juntas e só fui trabalhar a noite na fábrica, conversei com ela sobre o porque de estarmos nos vendo pouco, no dia seguinte quando cheguei em casa pela manhã, lá estava minha gatinha no portão me esperando, entramos, fui tomar banho e ela foi junto, quando saímos do banho ela me disse, mamãe, deita ai na cama que eu vou fazer massagem em você pra descansar. (adorei a massagem).
Disse para ela que estava precisando mesmo, mas que não podia descansar muito, pois eu tinha que limpar a casa, mas com a massagem da gatinha acabei pegando no sono, e quando acordei, ouvi um barulho de agua, quando desci da cama pisei naquele monte de agua no chão, até pensei em brigar com ela, mas calei e esperei ela me dizer o que estava fazendo, e maior foi a surpresa quando ela me disse: oi mamãe, pode descansar mais um pouquinho, eu tô limpando a casinha pra vc, e la estava ela com a vassourinha dela esfregando a agua no chão.
Engraçado, enquanto tantos adultos me questionam, a minha pequenina me compreende e até ajuda.
Pretendo ficar nesta rotina dobrado só até o final do ano, tempo suficiente para a ampliação da minha casa, que trará mais conforto, e tempo para eu colocar em prática a festa de natal que estou querendo dar para a minha pequena.
Respondendo a quem perguntou, como eu consigo deixar a minha filha pro tanto tempo, respondo:
Eu não consigo, mas tento e tento, e penso nela, e levo no celular fotos e gravações de conversas dela, e isso me dá energia para não desistir.
Consigo insistir na batalha porque sei olhar para o passado, quando ela ainda era um bebê, e faltou agua, luz, fralda e leite, quando não apareceu ninguém para me perguntar, como eu conseguia passar por tudo aquilo acreditando tanto que daria certo, consigo quando penso no imenso amor que tenho pela minha filha e na falta de conforto de nossa casa, consigo, porque uso meu tempo para cuidar da minha vida e da minha família, e trabalhar é uma forma de cuidar da família, acreditem.
Já a quem me questionou sobre como eu aguento a rotina pelo cansaço que ela me causa, respondo:
Se eu tiver a certeza de que minha filha será plenamente beneficiada pelo meus esforços, sem que seja prejudicada em nada, dobraria a rotina, triplicaria, pois por ela, até o cansaço pode ser deixado de lado.
 E para os poucos que entenderam e me deram força, obrigada, esta sendo mais fácil do que eu imaginava, porque ainda tenho tempo para trabalhar, descansar, cuidar da casa e da filhota, e tudo com qualidade, com dedicação.
Querer melhorar, querer crescer é uma energia que vem crescendo dentro de mim, que vem criando sonhos, sonhos estes que comecei a realizar.
Na dificuldade sem notar, fiz da minha filha a minha amiga e ela me fez sua amiga também, brincamos juntas, assistimos desenhos, conversamos, brigamos, mas principalmente, nos entendemos, pois mais que mãe e filha, somos cúmplices em um amor sem limites e sem vergonha de se demonstrar constantemente.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Fragmentos e Retalhos



Saudades
 
Família de Amigos


 Depois que tornei-me mãe, passei a sentir a vida de uma forma diferente, a vê-la sob um novo ângulo.
E passou a ser impossível sonhar a vida de forma individual.
Olho para o passado (apesar de dizerem que quem gosta de passado é museu, eu digo que olhar para o passado é necessário para não perder o foco do que quero para o futuro), apesar disso, olho para o meu passado, e vejo a minha vida como um amontoado de fragmentos, num cantinho fragmentos de felicidade, conquistas, tristezas, perdas, no outro cantinho, fragmentos de família, amizades, amores, arrependimentos.
Mas ocorre, que a partir do momento em que me vi mãe ( e este momento aconteceu bem antes da Vitória se quer ser um projeto, aconteceu quando efetivamente tornei-me mãe, do meu Pequeno olhos negros, Pedro Henrique), á partir deste sublime instante, a vida passou a ser uma obra mais completa, consistente.


Renascimento

 Olhar para o passado me fez acertar o passo no presente e ajustar o foco no futuro, e está mudando  a minha expectativa para o futuro. E me fez ver que a vida que antes me parecia chata, sem graça, na realidade, era só a minha falta de traquejo para lidar com os fragmentos.
Hoje vejo a minha vida em belos e felizes retalhos, com os quais estou dando "corpo" á minha 'colcha de retalhos'.



E aprendi que na vida nada é descartável, nem os fragmentos e tão pouco os retalhos, e a única coisa capaz de realmente fazer a diferença, é a forma como eu decidi ver e viver a minha vida.


Aprendizado
Amizade

















Família


Conquista



Exemplo


Vida





Missão
Paz

Amor



Felicidade










Renovação

Extensão da família








                                          
Sabedoria




E tudo começa novamente...







"Estou com a leve impressão, de que reagi e escolhi a trilha certa!"



terça-feira, 5 de julho de 2011

Minutos que fazem toda a diferença

Trabalhar em um hospital é algo que exige muito de mim, não fisicamente, mas psicologicamente. quem conhece minha historia sabe que no hospital onde trabalho faleceram meus dois primeiros filhos, meus avós, e isso acaba sempre deixando marcas na gente.
Desde o mês passado sai do andar térreo para trabalhar diariamente na UTI, e não é nem preciso dizer que vemos coisas realmente feias na UTI, pacientes em situações críticas, e o esforço para passar por tudo isso sem desmoronar é grande.
De uns tempos para cá andei me indagando sobre quais motivos a vida teria para me colocar pra trabalhar justamente ali, naquele lugar que reabre minhas feridas e faz retornar todas as minhas dores, e umas das respostas que encontrei foi: para fazer a diferença.
Quando recebi do meu inconsciente esta resposta não entendi seu significado, até a vida colocar no meu caminho o pequeno Guilherme.
O Guilherme é filho de uma das funcionárias do hospital, portadora de algumas deficiências e muitas limitações, os 20 dias de vida, o Gui foi internado por conta de uma pneumonia, quando fui visitá-lo pela primeira vez, ele estava muito cansado, respirando com dificuldade e sem se alimentar.
 Alguns funcionários que conhecem as limitações da mãe dele, se contentaram apenas em fazer alguns comentários maldosos, do tipo, como alguém assim pode ter filho, na hora de fazer filho a deficiência nao impediu, mas ajudar mesmo que é bom, nada.
Quando vi aquele menino ali, frágil, cheio de fios e tubos, me veio na cabeça a primeira vez que vi meu filho Pedro Henrique, do quanto ele estava mal, e eu também, e pela minha condição de saúde nem pude ficar com ele o tempo que desejava. E quando olhei para aquela mãe, ali, rendida, na sua primeira experiência como mãe, e tendo que estar ali, com seu bebê doente, tendo que saber quais decisões tomar, sem nenhuma luz para guiá-la, e com seu filho correndo sérios riscos, resolvi, tenho que fazer alguma coisa.
Conversei com a mãe dele e deixei ela me contar tudo o que estava acontecendo, quais as suas dificuldades, medos, e ela reclamava de estar sempre sozinha, raras visitas e de ninguém ajudá-la.
Ai passei a ir visitá-los a cada mamada do Guilherme (deixa minha chefe saber disso), com muito prazer ajudei ela a colocar o Gui no peito, e quando ele não pegava o peito, dei a mamadeira. Ela se queixa de não aguenta-lo, a deficiência dela faz seus braços  e pernas doerem, e as vezes eles vacilam, então resolvi dar uma mãozinha nesse sentido.
Adorei ter aquele toquinho mamando em meus braços, matei um pouco da saudades. E descobri que meu colo realmente acalma e induz ao sono.
E a cada nova visita as reclamações diminuem, o sorriso ao me ver aumenta, e meu coração se põe mais em paz.
Agora sei que a minha ida ao hospital é mais um aprendizado que precisa ser entendido e vivido.
Eu que estava achando minha vida tão sem graça, encontrei em alguns minutos a graça da vida.
E entendi que dependendo de qual lado se esta, de que momento se esta vivendo, 1 minuto pode fazer toda diferença, imaginem vários.
Guilherme, obrigado pelos minutos de paz, entrega, carinho e satisfação. E me aguarde, a folga acabou e a tia aqui esta chegando.