terça-feira, 20 de setembro de 2011

Virando a Página


Um dia, na minha infância,  alguém me disse que família era um elo que nunca se desfazia, quem foi que disse uma besteira dessa para uma criança? Nunca se desfazer para uma criança é nunca acabar, ou seja, acreditar que todos estariam ali para sempre.
E durante muito tempo foi nisso que eu acreditei, que eu envelheceria com todos ao meu redor, só não levei em conta, que todos enveheceriam também, e inevitavelmente alguns partiriam antes de mim.
Minha casa sempre foi uma casa de muita gente, na hora das refeições a mesa com 8 cadeiras era pouco as vezes, quando tinhamos visita, a sala também se tornava um lugar de refeições, se eu fechar os olhos sou capaz de ver: os mais velhos sentados a mesa, e nós mais jovens, espalhados pelos cantos da sala, cada qual com seu prato, seu copo, TV ligada, vozes, e o melhor, alegria em cada um de nós. Nos dias normais, tb era assim, familia toda a mesa, como toda boa familia, ate nesta hora tinham pequenas discussões, que acabam logo, e apimentavam as relações.
Quem diria, que os momentos que eu achava chatos, pois queria comer de frente com a Tv, hoje preencheriam meu coração de tanta saudades, e alegria por terem acontecido.
Ontem, rompeu-se definitivamente o elo vivo que eu tinha com meu passado, não há mais quem tenha vivido tanto tempo para nos contar as tantas e interessantes histórias.
Não haverão mais reuniões familiares em torno da lasanha de meu pai, do doce de abacaxi de minha mãe, e do cuscuz de minha avó.
Uns poucos desocupados da vida, me chamam de neta torta, por eu não ser filha biologica, isso j´pa me dou muito, hpje dói só um pouquinho, porque hoje tenho a consciencia, a real consciencia, de que a neta torta aproveitou muito mais que os netos “retos”, não todos, mais muito mais dos que alguns linguarudos que me entitulam de neta torta.

Desabafo: Cresci ouvindo minha avó materna me dizer insistentemente que eu não era neta dela, pois não era filha do sangue da filha dela, isso doeu muito, gerou raiva, ódio, brigas, mas tinha que ser assim, do contrário, não teria feito tanto sentido o momento em que eu e minha avó, nos perdoamos das ofensas, das humilhações, e zeramos tudo o que havia de negativo em nossos corações.
A quem me chama de neta torta, minha pena, por alguém ser tão imbecil a ponto de achar que o sangue tem mais poder que o coração.
De tudo o que eu ja ouvi e falei para a minha avó, o que meu coração guardará por toda a minha existência, é o dia em que sentada na sala, a mesma na qual tanto brigamos, ela me pediu desculpas e também me desculpou, e me disse que quando ela menos esperou e mereceu, eu estava ali por ela, mais ainda não vou esquecer quando ela disse que gostava muito de mim, e que em resposta a um eu te amo da minha filha ela respondeu: eu também te amo muito, e você nem pode saber o quanto. Naquele momento não houve um imbecilpra lembrar a ela que a minha filha era uma bisneta torta, porque imbecis não participam dos momentos felizes do coração.
Acabou ali essa historia de neta torta, porque uns tem o sangue e não tiverem o carinho e amor, e eu nao tenho o sangue, mas tenho o carinho e o amor.
Hoje, começa um novo tempo em minha vida, onde tenho que desapegar do passado, ficar apenas com as boas lembranças e os ótimos exemplos, e cuidar de construir para a minha filha uma familia tão INTENSA quanto foi a minha.
Da herança dos mais velhos, ficaram os primos, que tem lugar especial e reservado no meu coração, além é claro, das maravilhosas lembranças.
Minah avó falava muito da saudades que sentia dos filhos, da mãe, da avó, pois bem, hoje sei que no lugar da dor, ela sentirá satisfação em estar nos braços do Pai e entre os seus.
Nesses 100 anos de vida ela escreveu a sua própria história e algumas páginas nas nossas vidas.
Obrigada por ter feito parte da minah vida, na dor e no amor, porque ambos ajudaram eu a ser quem sou.
mamis e eu
vo
Vó Annna: Obrigada por permitir que juntas pudessemos reescrever parte de nossa história. Mãe: Obrigada, pela vida, pela identidade e por se fazer sentir quando eu mais preciso de você por aqui, só amor constrói isso!

Essa página encerra-se aqui!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O amor é a resposta


Vitoria com 1 semana de vida!

Só você, me olha nos olhos e alcança minha alma de forma tão delicada;
Só você, me conhece por dentro e por fora, na integra;
Só você tem o toque suave que acalma meu coração, que tira os meus pés do chão;
Só você tem o carinho que faz o mundo parar de girar, e congela o tempo;
Só você tem o dom de me fazer amar e temer a vida no limite.
E quando olho você assim, frágil, de choro ardido, de dor evidente, descubro que só você tem o poder de controlar meu coração.
Queria ter o dom de tocar seu corpo e tomar pra mim suas dores, queria ter no meu toque o alivio para o teu sofrimento.
É uma pena que ao dar-me o dom da maternidade, Deus não tenha me dado alguns super poderes, como o da cura por exemplo.
Te ver sofrer me faz faltar o ar, faz brotar em mim, medo de proporção descomunal.
Descobri que ser mãe não me faz super poderosa, mas que o meu amor, esse sim tem poderes, cura com um abraço, alivia a dor com uma canção.
Tenho a dois dias acompanhado a aventura da minha filhota madrugada a fora, chorando, gemendo, resmungando, estranhamente sorrindo, e quando eu pensei que era eu quem tinha ajuda a oferecer, vem minha filhota bolota e  me surpreende com a melhor coisa que um coração de mãe poderia desejar ouvir:
dicima1
- Mãezinha, eu ainda to com “xebre”?
- É Vi, ainda tem febre!
- Não to mais mãe, dormi no seu coração e a xebre melhorou.
- Como é dormir no coração da mamãe Vi?
- Quando eu “dórmo” “di cima”, assim óh. ( e ela veio e deitou sobre meu peito)
Quando eu iria imaginar que cada vez que você pedia para dormir “ di cima” da mamãe era para poder dormir no meu coração.
dicima2
Você me surpreende a cada dia.
E o amor se agiganta!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Eu não sabia que era capaz de….tanto amor


Descobri que o amor é algo que se expande a cada novo dia, antes eu pensava que amar era algo que acontecia e pronto, não se alterava, apenas se amava, nem mais e nem menos, sempre ali, na mesma medida,mas ai tornei-me mãe.
Minha rotina é sempre corrida, as vezes chego em casa desejando cama e mais nada, e se engana quem pensa que minha filha só por ter dois anos não entende as minhas necessidades. Quando o cansaço é muito visível, ela entra no banho comigo, deita e descansa me contando as coisas que fez na escola, na casa da tia, assistimos tv juntas, e quando menos espero, lá esta bolotinha cochilando concentrada na TV.
Nos dias em que chego disposta, tomamos banho e lá vamos resolver do que vamos brincar, ontem fizemos um bailão aqui em casa, com todos os tipos de música, pulamos, rimos, dançamos ( ela é a única que consegue me fazer dançar, pular e rir sem me preocupar com nada).
Se chego em casa brava ou muito nervosa, ela se transforma no ser mais meigo que já vi, senta do lado, faz carinho, fica carente e consoladora ao mesmo tempo.
E essa semana me peguei pensando, quanto amor ainda cabe em mim? Como pode alguém conseguir amar uma outra cada vez mais, em cada amanhecer uma evolução no campo do amor.
Como toda criança, minha filha é arteira e meia, semana passada ficou dois dias de castigo pelas desobediências, e depois disso voltou a se comportar muito bem, hoje ameaçou um pit, mas para não ter que ficar no castigo novamente, pediu desculpas e se redimiu com um sonoro mamãe eu te amo, em pleno desfile de sete de setembro.
Me peguei cansada de tanta coisa, exausta de certa forma com a vida, mas quando o assunto é a minha filha, que eu tanto esperei pra ver nascer e ver bem, não há cansaço, mal humor, só há amor, e um amor que cresce a cada dia.
É engraçado que ela sendo pequena consiga o que muitas vezes nem eu sei como: aprisionar a felicidade no toque das mãos, no som rouco da voz, e depois fazer ela se multiplicar entre todos que estão a sua volta.
E a cada dia que eu acordo e acho que já amei tudo o que podia, olho para ela, e descubro que a amo ainda mais.
Vitória:
Amo o seu jeitinho sapeca, e seu olhar de criança arteira;
Amo o seu cheirinho, e o seu abraço apertado que me aguarda todos os dias após o trabalho;
Amo o som da sua voz a me dizer mamãe eu te amo, e quando você diz: eu sou filha da mamãe Finanda;
Amo quando você está dormindo, amo quando você esta acordada, amo quando você aparece do nada com as respostas mais inesperadas;
Amo porque amo, e ainda acho que amo pouco pelo que você me oferece.
Filhota, você é meu presente de Deus.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Me desligando do mundo!

                                                     11971212312045077795webmichl_powerbutton_2_states_(_on_off_).svg.med
E novamente estou em em um daqueles momentos que tenho vontade de apertar o botão off da minha vida, e ficar ali, desligada por uns tempos, e que este tempo seja suficiente para encaixar as peças que se soltam constantemente dentro de mim.                                           
Estou a procura de mim mesma, e já perdi a noção de quanto tempo me olho no espelho e não me acho.
Quero os meus sonhos, quero a minha auto estima, quero até mesmo os meus delírios, os anseios, quero de volta a coragem de ousar, para que com ela eu possa sair dessa estação falida na qual me encontro agora.
Não quero as facilidades da vida comandada de antes, adoro as minhas responsabilidades, adoro principalmente, dar conta delas, mas começa a ficar muito tenso, quando além das minhas tenho que dar contas das responsabilidades dos outros.
Ontem parei e pensei, deixe de ser egoísta Fernanda, mas em seguida pensei, como posso pensar em egoísmo quando a maior parte de mim esté funcionando em função de alguém que não sou eu (e não me refiro á pessoa da minha filha, esta eu abraço com o maior prazer do mundo).
Preciso me desligar um pouco, para que esta parte máquina que tb sou não piff ou entre em tilt antes do momento.
Tenho apenas 29 anos, não estava pedindo e tão pouco estava preparada para carga tão grande, tão pesada e tão indissolúvel.
É chegado o momento do recolhimento, dos bate papos entre eu e eu mesma, para quem sabe eu descobrir um caminho de volta, porque rota de fuga não combina comigo.
Preciso encontrar respostas que me façam entender, como posso trabalhar tanto, e em mais de um emprego, e a vida estar tão estacionada, e a tanto tempo estacionada, preciso entender por que, sem gastar em diversões e baladas, sem desperdiçar, mesmo assim meu dinheiro não dá, preciso entender o que me prende aos sangue sugas, nem amor justificaria isso.
É, realmente é o momento certo para entrar no estado off da vida, para poder ressusrgir com as respostas, mais que isso com as soluções, para entender pq eu sobrevivo e não vivo, sou auxílio e não possuo auxílio, sou conselho mas não tenho consolo, tenho que ser remédio, mas não tenho a minha dor curada.
Cansei, cansei dessa vidinha mais ou menos, e não é só dinheiro, o dinheiro não é o mais importante…o fato da vida estar assim, mais ou menos, meia boca, é isso que preciso achar a causa pra colocar em ação um antidoto.
Preciso achar a porta que vai me tirar desse cubículo em que me aprisionei, porque também não é justo que minha filha sendo tão pequena, tenha q dar conta de fazer essa mãe tão complicada, alguém assim, simplesmente feliz.
Preciso apertar o botão off da vida, e tem que ser já! ( e off não signifca delete, em momento algum!)

domingo, 4 de setembro de 2011

A difícil arte de ser Mãe solteira

mae-barriga-de-mulher-gravida-aparece-feto-fundoQuando uma mulher resolve ser mãe solteira, e pior, quando ela não resolve, mas resolvem por ela, a dúvida que paira é: será que vou dar conta?
As minhas duas primeiras gestações já foram solitárias, apesar de neste momento da minha vida o pai da minha filha ser a pessoa com quem eu dividia os meus dias, já era este o ensaio para a vida de uma mãe solteira. E talvez tenha sido isso que tenha me dado firmeza para enfrentar a minha terceira gestação (esta sim individual, conscientemente e por escolha).
Quando minha filha estava linda e protegida na barriga, a minha preocupação limitava-se a, será que desta vez vai dar certo? A  enxoval e a ter certeza que eu saberia que hora alimentar, que hora trocar, que hora o choro seria de dor…isso norteava os meus pensamentos.
Mas foi no dia em que minha filha nasceu que meus fantasmas se multiplicarão. Um ser minúsculo, frágil, que nascera antes da hora, e por isso necessitava de uma atenção redobrada, cujo intestino era a parte do corpo que ainda faltava mostrar que sabia funcionar sozinho…entrei em pânico após 24 horas de vida da pequena e ela só fazia xixi, nada do numero 2 e a pediatra dizendo que sem o nº 2 nada de alta, e ela chorando por conta de cólicas intermináveis…e eu muito afim de pedir socorro.
Foi ai que a ficha caiu de vez, pedir socorro a quem? Mamis, falecida, Vovó, com 99 anos e morando longe, em casa, eu e eu, foi ai que abracei de vez a minha escolha, peguei filhota chorando horrores por conta da cólica, olhei para aquela miniatura de mim, e disse, filhota, 3 da manhã, só estamos eu e você, ah, e algumas enfermeiras no corredor…bem animadas falando sobre o bumbum de um médico mega bonito que havia estado por ali durante o dia...(maldade interromper o papo delas pra me ajudarem com a criança se acabando de chorar, não é?), pois não interrompi, parei, respirei fundo e comecei a buscar na mente tudo o que eu havia lido por sete meses, sobre dores, cólicas, choros,peguei minha gatinha, coloquei deitada de bruços sobre mim, e instintivamente minha mente criou uma musica, que acreditem, até hoje, com ela no alto de seus 2 anos e 5 meses se acalma ao ouvir, resultado: filhota dormiu gostoso sobre a mamãe, e passou a dormir assim, até o dia em que resolveu que ali já não era mais legal de dormir.
Mas quem dera se a única preocupação de uma mamis que também é papis fosse filhota com cólicas.
Vieram os dentes, os tombos, as noites acordadas ao lado do berço com um termômetro e um antitérmico na mão, as inúmeras tentativas de descobrir o porque do choro insistente…que não era cólica, não era fome, não era manha, era dor…mas dor de que?
Chegou a época da creche, e veio o medo da pequena pedir explicações do porque o pai não estava ali presente, e ela quis saber, um dia do nada: mamãe, cadê meu pai, ele não mora aqui?
R: Seu pai mora lá na casinha dele, na nossa casinha só moram nós duas, princesas lindas.
Depois disso, dormiu um dia na casa do pai, e nunca mais perguntas sobre cadê meu pai, ou porque ele não esta aqui.
Surpresa maior veio na festa do dia dos pais, quando pequena me pergunta, o meu pai não vem, e eu digo que não pois ele esta trabalhando, e ela me olha diz, mas você veio mamãe, eu te amo mamãe (ops, quem é a criança que não entende as coisas aqui?).
Depois disso, o fantasma que me perseguia foi embora, eu me achava a pior das mães pois havia privado minha filha do convívio familiar tradicional, pai, mãe, todos juntos, e na realidade, privei minha filha de um ambiente bagunçado, de traição e brigas, de leviandade e indisciplina.
Ser mãe solteira, dá medo, sozinha somos responsáveis por formar a personalidade de alguém, afinal, nossos filhos se espelharão no que ensinarmos a eles pra se formarem cidadãos, e como é grande o medo de errar.
Mas depois de observar a minha pequena, com dois anos e cinco meses, pedindo licença, por favor, obrigada e desculpa quando nota que errou, quando observo o carinho com o qual ela trata as pessoas, cheguei a conclusão que ser mãe, seja solteira ou não, é errar e acertar, dá trabalho, tem momentos de prazer e de preocupação, pode dar certo ou não, mas só saberemos depois de nos entregarmos com amor a dadivosa tarefa de ser mãe.
Ser mãe solteira não pode ser visto como uma vergonha, mas como uma batalha, onde o único prêmio que nos interessa é a vitória, ou seja, é vermos nosso filhos bem, saudáveis, educados, generosos, amorosos, cidadãos de bem.
A todas as mães solteiras, meu sincero carinho, e não desistam, se errarem, recomecem, consertam, e não se permitam a criticas vazias, somos vencedoras só por não termos desistido dessa missão!