domingo, 25 de outubro de 2015

Suportando as tempestades

Certa vez, alguém que me ama muito e a quem eu amo também, me disse a seguinte frase: se queres alcançar o arco iris minha menina, terás que usar todas as suas forças para suportar as tempestades.
E a minha tempestade responde pelo nome de adenocarcinoma de colon, nome que nem se quer fiz questão de decorar no inicio,como se bloquear as informações fosse me curar mais rápido, ou fazer com que eu me sentisse melhor.
A cada novo estágio algo muda, principalmente dentro de mim, e me faz desejar cada vez mais ver o arco iris no final da tempestade.
Tenho conseguido que a doença não interfira tanto no trabalho, e nada no que diz respeito aos amigos e família, até porque, esta é uma causa que resolvi movida pelas minhas convicções a abraçar sozinha.
Alguns dias os sintomas são suaves, e consigo que ninguém perceba cansaço ou dor em mim, outros isso é quase impossível. Vim de uns dias super bem, esse final de semana as coisas já não saíram como eu esperava, então tratei de ficar mais em casa, e pouco com as pessoas.
Na próxima semana tenho o retorno com o onco e com a equipe multidisciplinar, isso não inclui a psicologa, a quem recorri pouquíssimas vezes.
Esta semana também será a primeira vez que não levarei os resultados dos exames lacradinhos para o médico, já consigo entender o que aparece ali, e foi bom eu ter aberto, estou indo para os médicos esta semana muito confiante, tudo por conta de alguns números, que na primeira vez era 12 cm, alguns meses depois era 8 cm, depois com 3 cm e desta vez, dois anos depois, vou com um resultado limpo,
Para um paciente com câncer, não brilhar tanto na ressonância magnética é um troféu.
De fato está a primeira vitória palpável que tenho, é a primeira certeza depois de tanto tempo de dúvidas.
Sim, o meu arco íris já se faz visível, e muito da luta só aconteceu por insistência permanente de alguns amigos que abraçaram esta causa comigo.
É tão bom ir dormir sem medo de não de acordar, é tão bom falar com um amigo sem medo que aquela vez seja de fato a última.
Demorei a entender e a enxergar que suportar as tempestades é trabalhoso, algumas vezes doloroso, mas que vale gigantemente a pena.
Aos que estão sempre comigo, néh não D. Ana Maria e seu José Augusto, o meu muito obrigado, e mesmo assim agradecer é pouco por cada segundo da vida de vocês que doaram para os meus  problemas.
Infinitamente, obrigada por ter me dado o arco íris.

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