Esta semana lá no hospital onde trabalho deparei com uma mãezinha, chorando horrores e perguntando para Deus por que havia lhe dado a chance de engravidar se ela não teria a criança para si, confesso, senti vontade de abandonar o turno e voltar para casa, me vi naquela mãe, e voltei a sentir aquela dor sufocante que senti quando fui avisada da morte de meus filhos. Senti voltade de ir ate aquela mãe e dar-lhe um abraço em silencio.
Passar, não passa, a dor não cessa, o vazio não pode ser preenchido, filhos não podem ser substituidos, mas nós também não podemos desistir da luta, quem sonha em ser mãe, tem q persistir, resistir, insistir.
Quando engravidei do meu principe Pedro Henrique, quem me conhece sabe o quanto me modifiquei para esperar a chegada do meu guerreiro.
Sonhei e planejei cada detalhe, cuidei pessoalmente de cada item, com 9 meses eu ainda circulava no centro da cidade para acertar os ultimos detalhes. Fiz questão de eu mesma pintar a casa, eu mesma arrumar berço, comprar e lavar as roupas, passar, guardar, abri mão do chá de bebê para que tudo no enxoval tivesse o meu toque.
No dia 14 de março sai de casa ainda pela manha para ir ao pre natal, faltavam pelas contas da médica 1 mês ainda pra data do nascimento, mas no meio do caminho uma dor me fez parar direto no Hospital, depois de 17 horas de contrações, eu dava a luz ao meu principe, que nasceu lindo, enorme, mas que havia aspirado mecônio.
Doeu meu coração vê-lo na neo natal, onde só pude estar por 1h, por conta de uma hemorragia que me acompanhou por 24 horas. Eu não sabia que eu era capaz de amar tanto, e que todo aquele amor iria se multiplicar por mil quando eu olhasse nos olhos do meu pequeno.
Um dia depois da minha alta meu pequeno faleceu na Uti neo do Hospital. Esvaziei por dentro, quis desistir, quis morrer, sumir, e realmente quase morri devido as complicações pós parto, mas Deus tinha um propósito para mim.
Dois meses depois de ter perdido o Pedro ousei, arrisquei e engravidei da minha branquinha, Maria Luiza, que nasceu com ar de brava, mas que não me foi concedido o prazer de conhece-la com vida, pois faleceu 7 horas depois de nascer, pelo mesmo motivo do irmão. Mais uma vez sai de braços vazios e coração destruido.
Poucos meses depois da morte da minha Princesa, engravidei pela terceira vez, gravidez essa, que independente de como se concluisse, seria a minha última, era uma tentativa desesperada de ser mãe.
Foi um agestação traumatizante,pelo medo de não dar certo, e pelas dores que me acompanharam desde os primeiros meses, e que do quinto mês em diante, ainda me fizeram o favor de tirar o sono, pelos pesadelos que acompanharam as poucas horas de sono.
Li, pesquisei, fui atras de conversar com N médicos e pediatras e tomei a minha decisão: eu seria mãe de um bebê prematuro, arcaria com a responsabilidade de antecipar meu parto para me proteger de ter que voltar novamente com os braços vazios para casa, e eu estava coberta de razão! Não foi fácil me manter firme na decisão com tantos médicos apontando somente os riscos de antecipar a gestação, como se não houvese qualquer beneficio, e assusta um pouco mais quando nenhum dos consultados quer assumir a responsabilidade pelo parto.
Mas bem, depois de acertadas as contas, encontrei um anjo, Dr. Emerson, que abraçou minha causa, fez lá as contas dele, e numa sexta feira abençoada ouvi da boca dele: pois bem, se você quer, seu bebê também ja esta com os batimentos um pouquinho alterados, e suas contrações já acontecem, faremos seu parto, amanhã!
A palavra amanha soou como salvação para as minhas noites de insonia e dor, para curiosidade em conhecer meu bebê, apesar da ultrasonografia 3D eu queria mesmo era conhecer pessoalmente.
Dia 21 de março, me internei, e as 3:23 da tarde ouvi um som que me trouxe a vida novamente, que renovou meu desejo de viver, o choro ardidinho da minha Vitória, que nascia minuscula, magrelinha, branquinha, cheia de pelinhos pelo corpo e quase carequinha.
Foi ai que se completaram as lições a serem aprendidas, com a perda aprendi o autocontrole, a resignação, a ter fé, a superação, a tolerância e com a chegada da Vitória aprendi a ser mãe, amar incondicionalmente, a superar meus medos para protege-las dos medos dela, aprendi que um abraço é fortaleza para uma criança, que o meu cansaço não se encaixa nas necessidades dela, mas principalmente, com as lições na dor e no amor, aprendi que correr atras daqulo que se sonha, exige entrega, dedicação, persistencia, resistencia, alguma privação, e que pode vir acompanhado de uma dose pesada de dor.
Não sei se me fiz entender, só queria dizer as mães de anjo que não desistam, que persistam, que busquem caminhos, criem caminhos, lapidem caminhos, mas não abram mão de seus sonhos. A dor não passa, a saudades também não, mas somos pelnamente responsaveis pela postura que queremos ter diante das dificuldades.
Ser mãe é definitivamente a melhor coisa do mundo, o maior presente que uma mulher pode receber, a maior dádiva da vida.
A fé remove montanhas e gera vida em meio a qualquer dor!
Fiquem em paz, e que a luta de vcs tenha sempre um final gratificante e feliz!